
POEMAS E CONTOS
"O que aí vai são umas poucas páginas que o leitor esgotará de um trago, se elas lhe aguçarem a curiosidade ou se lhe sobrar alguma hora que absolutamente não possa empregar em outra coisa, - mais bela ou mais útil." Machado de Assis.
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narrativa

O útero (um conto de Ronei Baldissera)
Ele se arrastava até a pocilga todos os dias. Alguns dias eram melhores que outros. Mas nenhum era bom. O ambiente sufocante daquele lugar lhe entrava pelos poros, sentia-o bem antes de tocar seus pelos. Havia uma passarela na entrada da pocilga que era como um marco. Quando ele chegava com seu carro, era como se entrasse em uma outra dimensão. O cruzamento desse marco sempre ditava como o dia seria.
Malacara (um conto de Ronei Baldissera)
No início da tarde, preparava sua mochila zelosamente. Ao fundo, iam as coisas mais resistentes, tais como os sapatos. Depois, ensacadas para preservar vinham toalhas e roupas de cama. E a torre da mochila se formava até o topo de utensílios de uso mais imediato e, portanto, necessitados de fácil acesso. Arrumava mecanicamente todas essas coisas e sua mente estava em outro lugar mais aprazível.


O pacto (um conto de Ronei Baldissera)
O avião pousou na cidade litorânea quente; uma viagem ao longo do gradiente de latitude. O ar era úmido e claro com a luz do sol tilintando no ar de praia; uma luz diferente, o mar refletia ondas luminosas em uma dança de vai e vem constante. Os olhos de Cáron tremiam quando entrou na sala de desembarque para esperar sua mala cheia de livros. Nos últimos meses, esse era seu objetivo, escapulir da vida incerta e a melhor forma era o serviço público. Promessa de estabilidade e altos ganhos. Afinal, havia estudado por mais de dez anos para conquistar o sonho de qualquer um: uma vida burguesa de trabalho previsível e ganhos garantidos.
A estrada de tijolos amarelos (um conto de Ronei Baldissera)
Viveu, então, a fantasia que construiu em sua mente desejando ardentemente que se concretizasse. Mas tudo que sobrou foi a saudade do que não houve. Era estranho que o cérebro tenha vivido a imaginação como se a realidade fora. Substâncias químicas mobilizadas e liberadas transitando por caminhos dentro da cabeça, criando sensações físicas a partir de ilusões mentais.

LÍRICA

Tempos de beleza (livro de poemas de Ronei Baldissera)
"Me segura, baby,
Com mão firme
Deixa eu mergulhar
No teu olhar
Só até onde tu ainda
Seja minha sorte
Me ancora, me traz
De volta do sonho
Sempre que perceberes
Eu fugindo dessa dura
Realidade dos fatos
Em busca da nossa
Realidade alternativa" (...)

An Danças (livro de poemas de Ronei Baldissera)
Viver incerto
Sei lá
São tantas certezas
Certas opiniões
Sobre tudo que parece incerto
Que o espaço para a descoberta
Queda sepulto
E a brincadeira de viver
Perde a graça (...)
